terça-feira, 16 de dezembro de 2008

A segunda vinda do Salvador

A minha prima trabalha numa repartição de atendimento ao público. Era um dia de muito movimento e ela estava a ficar aflita com o facto dos impressos estarem quase a acabar. Sempre que podia, olhava por cima da fila de utentes que estava a atender a ver se via o contínuo, chamado Salvador, para este ir ao armazém buscar mais impressos. O tempo passava e não havia maneira de o contínuo aparecer e os impressos eram cada vez menos no seu balcão.

Entretanto chega a vez de atender uma freira sua conhecida muito efusiva e plena de convicções religiosas. A freira começa logo por perguntar à minha prima pelo paizinho e pela mãezinha. Ao saber que estavam bem, a freira atribui esse estado de graça ao poder dos Santos e á bondade de Deus Pai. Depois refere que o tempo está bom devido ao Santo padroeiro dessa área atmosférica. E sempre assim neste tom divino continua a conversa durante todo o atendimento, usando a freira em cada frase termos religiosos como Louvado seja Deus, protecção do Anjos, Bendito seja Jesus, Aleluia para cá, Aleluia para lá, etc.

Nisto, a mulher do meu primo avista o Salvador, o contínuo, a passar lá ao longe no corredor e vai para chamá-lo. Mas, num décimo de segundo logo decidiu não o fazer. Receosa, a minha prima imaginou na sua mente qual seria a reacção da freira ao vê-la a acenar com os braços no ar enquanto olhava para o fundo do corredor e gritava:

- Oh Salvador, Oh Senhor Salvador !


De: Júlio Silva - Ilha Terceira Net

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